Saturday, August 05, 2006

Gente com Nível no Expresso...finalmente!

Graças a Deus, as ostras de ontem fizeram-me mal. Resumindo: casa de banho, Expresso! Na revista “Única”um título de capa de fugir “Brasil nos trilhos de Lula”. E a feijoada? E a picanha? Depois, um senhor gordinho com cara e farda de Capitão Iglo, mas num comboio a dizer adeus. Enfim. Não se percebe nada e… fui ao índice. Sim, é verdade, às vezes temos de… e as ostras fizeram-me mesmo muito mal. Página 74: “Entrevista, Seixas da Costa, O embaixador de Portugal” O título é fantástico, porque é entrevista mas ‘Seixas da Costa’ é um nome maravilhoso. Se, em vez de Proença fosse Seixas da Costa, não estaria mal. Há povo em Costa, assim sem mais nada mas Seixas e da Costa tem nível. Melhor seria de Seixas e Costa mas não se pode ter tudo. O senhor, veste elegante, podia ser de cá, morar perto de nós, os Proença mas não, vive num Palácio e só os Duques e assim é que vivem em palácios. Lá está ele, com uma mão elegantemente sob a sua axila (só o povo é que tem sovacos e assim) e tem um lábio superior fantástico, de linhagem superior. Imaginemos que tinha os dentes salientes… Não haveria problema: o lábio cobria. Se fosse povo, seriam os dentes horrorosos a empurrar o lábio, à coelho. Como é Duque e vive no Palácio das Necessidades, é o lábio superiormente derramado sobre o seu irmão inferior. Depois, é embaixador, o que é óptimo. O Bernardo Guedes e Saavedra disse-nos um dia que o irmão dele era embaixador no Burundi e que ele é que mandava lá porque era branco e usava gravatas italianas e tinha um Mercedes S blindado e pretos, daqueles limpinhos para lhe fazerem tudo, bem, o Paraíso. A Benedita concordou mas disse que nós não tínhamos representação diplomática no Burundi, ao que eu acrescentei que alguém como o Pedro Guedes e Saavedra nem precisa disso para ser embaixador: nasceu embaixador e pronto! Ela não gostou, não sei porquê e disse-me: “És um parvo de merda, Manel. Se não fosse a massa tinhas nascido, tu, para engraxador! Não percebi, até porque, cá em casa, não se come massa, come-se ‘pasta’ e da importada e assim. Voltando ao embaixador, ele é quem manda e revela toda a sua autoridade (a quantidade de pretos e russos e brasileiros que eles, os Seixas da Costa terão lá no Palácio) Quando o Balsemão (é ele quem faz o Expresso) lhe diz: “E, consigo, há ainda que falar da vida, dos amigos, dos livros, das tertúlias…”, ele toma a palavra: “Começo com os livros: uma tragédia!” Como eu! Tal e qual! E continua “Nas estantes estão em dupla fila, ocupam mesas, empilham-se no chão.” E assume, como eu, a verdade nua e crua: “Não consigo ler todos, nempensar nisso.” De nível, puro e duro a frase: Melhor que ter um livro, só o prazer de o comprar.” Fiquei em êxtase! Saltei logo umas linhas e “É preciso saber dar um salto fora da rotina, ir beber um copo…ler blogues…” Como eu!!! Almas gémeas, eu e o embaixador. Apenas lhe falta um degrau para subir até ao meu patamar: a mim falta-me o Palácio, o lábio superior excessivo e ser Duque mas, quando à pergunta “O que é que ainda pede à vida?” ele Responde”Só peço tempo”, eu rio-me na cara do Duque do Lábio Comprido: tempo é o que me sobra, meu amigo! Tanto, que quando me aborreço e digo à Benedita: “Ó Benedita, e agora, faço o quê?”, ela responde “Faz panelas, vais ver que ainda tens jeito para alguma coisa!” Os miúdos riem sempre e eu também, embora não perceba. Panelas, assim mesmo, de verdade, nunca fiz. É coisa de criadagem.

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